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QUEM EU SOU, QUANDO NINGUÉM ESTÁ OLHANDO - UMA REFLEXÃO SOBRE RELAÇÕES HUMANAS E A ÉTICA PROFISSIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO.

20/08/2019 - por MARLENE PICO KOSCREVIC
QUEM EU SOU, QUANDO NINGUÉM ESTÁ OLHANDO - UMA REFLEXÃO SOBRE RELAÇÕES HUMANAS E A ÉTICA PROFISSIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO.

Nos últimos tempos muito se tem falado sobre ética. No entanto, pouco se tem buscado saber sobre ela. Para muitos a ética está ligada intimamente com a política, e distante da prática cotidiana de cidadãos “comuns” como nós. O estudo da ética é centrado na sociedade e no comportamento humano e, há mais de 2500 anos, vem ocupando os questionamentos filosóficos do homem.


Ainda de acordo com a filosofia, a ética pode ser política e individual, e não apenas política como se busca erroneamente afirmar. E é neste contexto do individual que o norte da essência ética do ser humano está intrínseco. Ela está bem enraizada na maneira como nos comportamos em nossas relações humanas e profissionais.


A palavra ética vem do grego ethos e significa caráter, comportamento, convívio. Para os mais poéticos significa morada humana. É daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas não são fáceis de explicar.


Sem ignorar que o ser humano é constituído de comportamentos e valores, sejam eles éticos ou não, existe a capacidade de pensar que muitos de nós acreditamos que o agir ético está relacionado com o olhar e aprovação do outro. Por isso, às vezes, legitimados pela ética e pela legalidade das atividades inerentes ao servidor público, se busca justificar o injustificável, com atos e omissões de caráter estritamente individual.


Por norma moral devemos entender como aquela que é imposta pela consciência do justo e do injusto, do bem e do mal, do falso e do verdadeiro, do correto e do errado, do bom e do ruim. A seleta norma moral não pode ser formada e nem se nortear por segundas intenções. A vontade livre e a convicção resoluta de fazer o bem, o bom e o correto, são essenciais ao ato moral. Ninguém, senão nós, poderá identificar uma norma moral autêntica, em verdadeiro sentido.


Como Assistentes de Educação e servidores públicos a compreensão da ética no trabalho cotidiano das escolas, seguidos pelo trabalho desenvolvido nas secretarias escolares deve estar em constante vigília. Saber o que é certo e fazer o certo, é mais que uma obrigação, é uma questão de caráter e humanidade. Se tivermos condições de resolver uma situação aqui e agora, que o façamos, levando em consideração as perguntas que devemos nos fazer diariamente a cada atividade solicitada ou arbitrada: Isso atende o princípio da moralidade? Há interesse próprio e descabido neste pedido? Existe a legalidade para tal ação?


No Artigo 37, a Constituição Brasileira de 1988 impõe à administração pública, o dever de inspirar seus atos, nos Princípios da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. De maneira que o Princípio da Moralidade, tido como o supra princípio, é o que mais provoca debates, curiosidades, de modo que é o princípio mais desafiador e, lamentavelmente, o mais violado nas esferas públicas. É nesta imposição que está a concepção da indagação de quem eu sou quando ninguém está olhando?


O grande desafio é: como ser ético numa sociedade extremamente corrompida, com valores subvertidos em decorrência do que parece ser um manto de impunidade àqueles que desobedecem aos códigos legais?


A resposta é simples e ao mesmo tempo complexa. Quando entendermos o significado da palavra servidor público, as coisas começam a fazer sentido. Do ponto de vista sociológico o  servidor público é o indivíduo cuja atividade tem uma função social, servir ao público, servir ao que é público, atender dentro dos princípios da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência, a todos os cidadãos que necessitem deste atendimento. E compreender, principalmente, que não estamos nesta função fazendo um favor ao estado e à sociedade, e sim contribuindo com uma sociedade mais humana, ética e eficaz.


Marlene Koscrevic

Assistente de Educação

Licenciada em Sociologia

Especialista em

Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva

 e Coordenação pedagógica pela UFSC